AfroBossaNova - Paulo Moura e Armandinho
Biscoito Fino, 2009


01. 09:48  Chovendo na Roseira      
02. 07:45  Águas de março      
03. 07:14  Meditação      
04. 05:06  Insensatez      
05. 03:01  Falando de amor      
06. 04:14  Radamés y Pelé      
07. 03:51  Luiza      
08. 06:09  Samba do avião      
09. 03:15  Surfboard      
10. 06:28  O morro não tem vez      
11. 07:30  Chega de Saudade      


O projeto “Homenagem a Tom Jobim”, apoiado pela Natura, iniciou-se em 2005, estendendo-se incialmente por 18 capitais, com a formação da guitarra baiana e bandolim de Armandinho Macedo, violão de Yamandu Costa, percussão de Marcos Suzano, sob a direção e arranjos de Paulo Moura e sua clarineta. No decorrer dos anos, até 2008, viajando pela França e Los Angeles, a proposta musical foi inteiramente redefinida por Paulo, tendo em sua última configuração clarineta, guitarra baiana e bandolim, o violão de Gabriel Improta e três percussionistas de tambores dos terreiros de candomblé. Foi mixado pessoalmente pelo músico e maestro e as faixas de várias apresentações ao vivo deixaram marcada sua intenção. Mais uma vez em torno de Tom Jobim, em torno do samba negro depurado pela bossa nova, ergue-se uma arquitetura sonora impactante. Indicado ao Grammy Latino 2010. AfroBossaNova - Paulo Moura e Armandinho
Biscoito Fino

gravado ao vivo entre 15 de maio e 15 de junho de 2008
Turnê AfroBossaNova


Idealização: Paulo Moura, Armandinho, João Falcão Neto,
Paulo Argolo e Patrícia Leao.
Realização: Falcão Produções
Direção Musical: Paulo Moura
Direção de Produção: João Falcão Neto
Direção Executiva: Paulo Argolo e Halina Grynberg
Direção de Criação: Halina Grynberg
Técnico de som e Gravação: Ronaldo Moura
Roadie: Adeilton Silva
Estúdio de Mixagem: Biscoito Fino
Engenheiro de Mixagem: Fernando Prado
Assistente de Mixagem: Lucas Ariel
Estúdio de Masterização: Visom
Engenheiro de Masterização: Luiz Tornaghi
Fotos: Ana Araújo (arquivo pessoal de Paulo Moura)
Design Gráfico: Ruth Freihof - Passaredo Design
Designer Assistente: Christiane Krämer
Produção: Raquel Deleuse e Thaiana Halfed
Agradecimentos: Tereza Rolemberg, Grupo Votorantim,
Natura, Ministério da Cultura do Brasil, Free Lancer
Produções, A Barraca Cia Cultural de Artes, Marruá
Arte e Cultura, Bangalô Produções, Dharma Produção
Cultural, Orth Produções, Ana Araújo, Davi Cavalcanti
(VJ Gabiru), Luthier Pedro Santos (bandolim 10 cordas)
e Luthier Elifas Santana (guitarra baiana 5 cordas)
AfroBossaNova


AfroBossaNova. É um amálgama, combinação tão estreita de elementos diferentes, que os tornamos inseparáveis. Quando nomeamos algo, lhe damos existência. E, no mesmo ato, lhe atribuímos qualidades (e talvez, defeitos) de algum outro ou de si mesmo. Fusão de cores. Convocação. Inventamos, ao reinventar.
AfroBossaNova. Talvez seja uma forma de ver a paisagem. Pode ser o mar, as montanhas. As gentes.
É dia de festa com o sol. O barquinho desliza suavemente no macio azul do mar, ilhas do sul. Há uma calma nesse verão entre Copacabana e Ipanema. Depois, o banquinho, um violão, o uisquinho de estimação, meu amor e uma canção. Esta chuviscando na roseira. Chuva boa, criadeira, molha a terra, enche o rio, limpa o céu, traz o azul. Menescal. Bôscoli. Jobim. Nara Leão. E da janela vê-se o Corcovado, o Redentor. Que lindo!
Madrugada. Em barco negreiro, soprado ao ouvido o samba atravessou mares. Companheiro inseparável, embriaga os sentidos. Dolente, rima sedução, aflição e gratidão ao santo que veio embora: “Abram alas para o morro.” O tamborim e cem e mil vão batucar, a cidade toda vai cantar. Silas de Oliveira. José Bispo. Mano Décio. Tião Motorista. Jamelão. Valei-me Nossa Senhora, São Benedito. Que lindo!
Neste CD tudo é deslocado: o tempo, o sotaque, os batuques. Menos o tom, que continua Jobim. E a rima, que é feita de palmas vivas aos instrumentistas. Temeridade. Coisa de craques. O mouro Paulo, a translúcida clarineta, maestro do impossível, rege violinos e metais com a percussão de escolas de samba em salas de concertos refinadas, sussurra polirritmias em improvisos eruditos, enquanto desenha harmonias num sobro que traz pedacinhos do céu às pistas de gafieira. Armando, herdeiro instrumental de Dodô e Osmar, um virtuose de face e cabelos claros, empunhando um bandolim e sua guitarra baiana imprevisível, arrasta carnavais, Salvador afora, uma multidão/pipoca, reinando de cima de um caminhão onde o Trio é Elétrico e o som é matéria de alegria.
Convenção: bossa nova como fusão de samba com jazz west-coast é uma parte da lenda. A midiatizada. Aquele que relegou dos palcos e gravações os instrumentos do samba tradicional (pandeiro, cuíca, berimbau, agogô, congas, bandolim) e os instrumentos de origem afro-brasileira.
Reparação: ritmos dos terreiros de candomblé e o jazz hard-bop revigoram a lírica de Jobim.
Confusão urbana, suburbana e inter-racial.

E o maestro soberano, Antonio Brasileiro, cai na farra.


X