Escolha... E dance com Paulo Moura e sua Orquestra de Dança
Ary Vasconcelos  
 

Paulo Gonçalves de Moura, artisticamente Paulo Moura, nasceu em Rio Preto, Estado de São Paulo, a 15 de julho de 1933, sendo filho de Pedro Gonçalves Moura e Cesarina Cândida Moura. Seu pai era carpinteiro e tinha uma banda de música na qual funcionava ora no trombone, ora na tuba, ora na clarineta, ainda no saxofone e também no acordeão. De modo que a música em Paulo era uma espécie de fatalidade histórica: aos 9 anos já começava a estudá-la e, por escolha pessoal, exatamente pela clarineta. Aos 12 anos Paulo já integrava, com sucesso, a orquestra do velho. Por essa época, ou seja, em 1945, a família veio para o Rio de Janeiro. Paulo parou com essa história de orquestra, para aperfeiçoar-se como instrumentista. Em 1951 entrou para a Escola Nacional de Música para fazer o curso de Clarineta. Entrou já no 4° ano, saindo professor de clarineta em 1953. No último ano da Escola, fez concurso para uma atuação como solista da Orquestra Sinfônica Brasileira. Venceu, e solou o Concerto Para Clarineta de Weber. Em 56 foi convidado para lecionar seu instrumento na Orquestra Sinfônica Juvenil do Teatro Municipal, o que fez durante um ano. Aperfeiçoa atualmente seus estudos de harmonia e composição. Como profissional de orquestra de danca comecou a trabalhar em 51 na orquestra de Oswaldo Borba, onde aprendeu muita coisa, inclusive a técnica de se ensaiar uma orquestra. Ali permaneceu até 53 quando foi para a Orquestra de Ary Barroso que excursionou ao México e Venezuela. Na volta entrou para a Orquestra de Maciel no "Avenida". Em 54 estreou com Guio de Morais na Boite Béguin, com ele permaneceu até 57. Após alguns meses de inatividade formou sua própria orquestra ainda em 57 que tem atuado com enorme êxito na Rádio Jornal do Brasil e na TV-Rio. Como solista de clarineta gravou em 1956 seu primeiro disco: "Moto Perpétuo" de Paganini e "Vôo do Besouro". Sua atuacão foi tão espantosa (em "Moto Perpétuo" tem-se a impressão de que ele não respira durante toda a execucão) que chegararn a dizer que tinha havido truque na gravacão...

A orquestra de Paulo Moura está assim constituida: Líder, clarineta e sax-alto: Paulo Moura. Saxes-altos: Pedro Luiz e Euclides. Tenores: Gustavo e Julinho. Barítono: Januário. Trombones: Norato, Waldemar Moura (irmão de Paulo) e Antonio Bogado. Pistões: Darcy, Barriquinha, Ary Magalhães e Paulo Afonso. Bateria: Edson. Violão Elétrico: Bernard. Contrabaixo: Luiz Marinho. Pandeiro: Perez Prado. No presente LP a orquestra apresenta entretanto algumas alterações: Nestor (violão elétrico) substitui, em certos números, Bernard. Moacyr e Lyra entram em algumas faixas bem como o panderista Elias. Em "Silk Stop" Astor é o primeiro trombonista. Mozart funciona no pistão em "Saxologia", e Clélio faz a solo no trompete em "Por Causa de Você".

Os arranjos são de Paulo Moura ("Minha Saudade", "Por Causa de Você", "Conceição", "Ouça" e "Se Alguém Disse"), Astor ("Dorinha, Meu Amor", "Faceira", "Silk Stop"), Guio de Morais ("Dengoso"), Gaia ("Baião Atrevido") Vadico ("Saxologia"), Nestor ("Passarinho da Noite"). "Dengoso", "Baião Atrevido" e "Saxologia" apresentam-se aqui em sua primeira gravacão.

O LP todo gravado entre maio e junho de 1958.

Paulo Moura participou do I e do II Concerto Brasileiro de Jazz realizados no Copacabana Palace, de dezenas de jam-sessions, sendo considerado o melihor instrumentista de sua especialidade. Participou ainda da gravação do LP "Em Tempo de Jazz" organizado por Paulo Santos. Foi escolhido "o melhor sax-alto de 56" (concurso da revista "O Cruzeiro") e o "melhor clarinetista de 57" (concurso da "Rádio Ministério da Educacão").

A nosso ver é um dos músicos mais importantes já surgidos no Brasil nos últimos 500 anos.