O Legado de Paulo Moura disponibilizado online
Laura Macedo
jornalggn.com.br
 
 

No imenso acervo de Paulo Moura (aproximadamente 11 mil itens) há partituras com lembretes por escrito e também recortes de jornal que viravam pauta para alguma frase musical. Tudo isso ficou, por muito tempo, disposto em sua casa, em uma lógica que só ele podia compreender.

Halina Grynberg, sua mulher por quase 30 anos, resume como lidava com a situação, dando risada:

- Tentei algumas vezes dar ordem àquele caos criativo, mas sempre na presença dele. Porque se fosse sem ele por perto dava mesmo era em divórcio.

“Na clarineta ou no saxofone, como quem respira, Paulo Moura fez música durante seis décadas. A cada dia inspirava-se em partituras e escritos de arranjadores populares e compositores eruditos e contemporâneos ou no pio de um pássaro. Refletia padrões estéticos e estruturas harmônicas, ponderava improvisos e técnicas de interpretação. Pesquisava o som como um menino. E a disciplina rigorosa de um devoto, um criador humilde diante de seu dom, na busca por excelência em sua arte. A música o chamava, dizia”.

Nos links abaixo você encontra seu trajeto profissional e íntimo, o caminho que o levou do interior de São Paulo aos palcos premiados do mundo. Desde pequenos vestígios arranhados em anotações de estudos e textos, até as partituras autorais populares e eruditas para pequenos grupos instrumentais ou grandes grupos sinfônicos, parte de seu vasto repertório.

Reflexos de um zelo constante pela transcriação e incorporação de referências da música afro e brasileira, europeia e americana, reunindo estas vozes múltiplas para fundi-las num processo criativo exuberante. Arranjos e improvisos. Gafieira, samba, choro, bossa nova, jazz e clássicos. Uma arquitetura musical polifônica. Colhemos todos os fragmentos, cada esboço do que foi seu gesto criativo, para que você, quando navegue por esta imensidão fecunda, se deixe embalar por uma vaga de descobertas”. (Texto de apresentação do acervo de Paulo Moura no Instituto Tom Jobim)

Agora, é a música de Paulo Moura que nos chama.