Sopros do passado
Lula Branco Martins
Veja Rio
 
 

A década de 80, no Rio, foi um período de ouro para a música instrumental brasileira. Casas noturnas como People, Jazzmania, Rio Jazz Club e Mistura Fina viviam naquele momento o seu auge. Ao mesmo tempo, shows ao ar livre, gratuitos, movimentavam o Parque da Catacumba, ao lado da Lagoa Rodrigo de Freitas. Era um projeto realizado geralmente aos domingos, e a maioria das pessoas se sentava, sem muita cerimônia, na grama, deslumbrando-se com o cenário lá do alto — boa parte da Zona Sul — e com o que chegava aos seus ouvidos: a fina flor da música sem letra produzida em solo nacional. Paulista de São José do Rio Preto, ele adotou o Rio desde cedo e foi aqui que construiu sua carreira, tendo tocado com a cantora Maysa e gravado vários discos em homenagem a Tom Jobim.

Nesta semana foi inaugurado o Instituto Paulo Moura, espécie de "edifício digital" sobre a obra do instrumentista, que é autor de peças como Arredores da Lapa (para percussão) e Fantasia Urbana (para sax). Tra­ta-se de um espaço virtual, com fotos, partituras, cartazes, correspondências e entrevistas, conduzido pela voz do próprio artista — em gravações e depoimentos recolhidos por sua viúva, a psicanalista Halina Grynberg. Além disso, daqui a dois meses, no Espaço Tom Jobim, no Jardim Botânico, será a vez de Ensaiando Paulo Moura, série de espetáculos em homenagem ao mestre, com direito a uma bigband, comandada pelo pianista Gilson Peranzzetta, e nomes consagrados da chamada MIB, a exemplo de Leo Gandelman, Carlos Malta e Henrique Cazes.